Há uma gaja que, todas as noites, se senta à minha frente.
É uma gaja que vem de uma terrinha que não vale uma rua, sequer, da cidade onde vivo.
É uma gaja cujo sotaque parece de um outro planeta.
É uma gaja que critica quem se dedica a actividades tradicionais e rurais porque, segundo ela, "sou do Porto!", como se isso lhe de desse poder e legitimidade de criticar quem quer que seja.
É uma gaja que, e afinal, é de uma terreola cuja única relação ao Porto é ficar mesmo no limite do concelho.
É uma gaja que ainda não tem noção que a vida é difícil e que custa a todos.
É uma gaja que ainda está a frequentar o ensino superior e que pensa que, mal acabe o curso, vai sair a ganhar milhões.
É uma gaja que, fale-se de cebolas, de motas, de sol ou televisão, aproveita para falar que "na minha viagem pela Europa de Leste".
Ai gaja. gaja, que se tu me chateias muito ainda temos problemas!